mardi 16 octobre 2012

Encore la crise

Les effets de la crise sont évidents en Europe. C'est possible de les voir dans une première promenade dans qualques grandes villes. Les immigrants sont dans tous les lieux, en incluant les places publiques où ils habitent avec ses familes. Dans le cours de français à Toulouse, il y avait quatre jeunes femmes espagnoles qui y ont immigré. Plusieurs établissements, surtout les snack-bars, ont des employés étrangers. Dans mon dernier post, j'ai parlé d'un collègue de chambre, un jeune garçon immigrant qui j'ai connu à Genève, et dont l'histoire m'a tellement touché.

Aujourd'hui, j'ai lu un article, en portugais, sur le blog Socialista Morena qui parle de ce problème. Je le partage à vous.

Quando eu tinha 20 e poucos anos e queria morar um tempo no exterior, estudando, muita gente no Brasil e na América do Sul queria fazer o mesmo, mas para fugir da crise econômica, da miséria, da desigualdade social, da inflação, de países às voltas com a austeridade imposta pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), inclusive o nosso. Queriam migrar para o “primeiro mundo”, onde não tinha nada disso, para ter uma vida melhor. Chegando lá, eram alvo de preconceito e se sujeitavam aos piores trabalhos para viver seu sonho de “melhorar” de vida.
Em 1995 finalmente consegui juntar um dinheirinho para estudar na Espanha, onde fiquei dois anos. E me impressionava cotidianamente com a maneira como os sul-americanos, migrantes, eram tratados pelo conservadorismo espanhol, sobretudo os que têm traços indígenas, chamados de forma depreciativa de “sudacas”, corruptela de sudamericanos. Nunca fui maltratada, até por passar quase anônima entre os espanhóis, com meus traços supostamente parecidos com os deles. Mas ouvi, sim, muitas vezes a pergunta: “Depois que você terminar o curso, vai continuar aqui?” Como quem diz: “Vai continuar aqui disputando nossos empregos?” Não, eu não fiquei.
Não sinto alegria nenhuma com a crise econômica pela qual passa a Europa, sobretudo porque amo a Espanha e desejo tudo de bom para o país. Mas não deixa de ser irônico que os espanhóis e muitos europeus estejam vivendo agora uma situação muito parecida com a nossa então. Quem diria! Nós, os “sudacas” que alguns queriam ver expulsos de lá, talvez estejamos hoje em melhor situação do que eles. E muitos, muitos espanhóis –117 mil de 2011 para cá, segundo o jornal El Pais – estão deixando a terra natal para buscar uma vida melhor em outros países, exatamente como os “sudacas” faziam. Mesmo levando em consideração os africanos, que continuam indo para lá, a Espanha já possui um saldo migratório negativo: mais gente sai do que entra.
O cúmulo da ironia: o principal destino dos espanhóis é a América Latina. De acordo com um estudo da União Européia, o fluxo de migrantes entre os países europeus e a América Latina se inverteu nos últimos anos. Cada vez mais cidadãos da Europa vêm à América Latina em busca de trabalho e não o contrário. A campeã de “foragidos” é a Espanha, seguido pela Alemanha, Holanda e Itália. Os países que mais recebem os europeus são o Brasil, a Argentina, a Venezuela e o México.
Particularmente triste é descobrir que a Europa (e também os EUA) copia do outrora “terceiro mundo” seu pior: a desigualdade social. Dados do FMI indicam que a distância entre ricos e pobres aumenta com a crise –imagina se os ricos deixariam de lucrar com ela. Nos EUA, o 1% da população que ganha mais dinheiro e detinha 10% da riqueza do país, nos últimos 30 anos passou a deter 20% da riqueza. Mas continuemos com o exemplo da Espanha. Prognósticos do FMI citados pelo jornal ABC apontam que a terra de Miguel de Cervantes só voltará a crescer em 2018. Mas, neste meio tempo, o número de milionários crescerá 110%! Ou seja, não há dúvida que lucram com a miséria alheia.
A Espanha já é detentora dos infelizes títulos de campeã em desigualdade social entre os países da eurozona, de fracasso escolar e de desemprego entre os jovens. Um em cada três jovens entre 15 e 24 anos deixaram os estudos antes de acabar o nível secundário, segundo o estudo da Unesco “Educação Para Todos”, suplantando a média européia, que é de um em cada cinco. Os serviços sociais já atendem 8 milhões de necessitados e a Cruz Vermelha lançou, pela primeira vez, uma campanha para arrecadar fundos para necessitados do próprio país.
Talvez tenha chegado o momento de os espanhóis e os europeus em geral tentarem descobrir respostas para seus problemas econômicos não no primeiro mundo de Angela Merkel, dos EUA ou do FMI, mas nos países emergentes. De crise, nós, sudacas, entendemos.
Cynara Menezes

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